quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Renúncia de Bento XVI: gesto egoísta ou de amor à Igreja?



Respondendo a alguns, a minha opinião pessoal, de bispo emérito, é a seguinte:

Não foi de forma alguma um gesto egoísta. Pelo contrário, o mais altruísta possível. Ele mesmo afirmou que foi um ato de amor à Igreja da qual ele é o primeiro SERVIDOR. Ato livre, consciente, e eu digo: humilde, inteligente, sábio e santo. Renunciou o seu ofício eclesiástico de ser Papa, porque não tem mesmo condições de continuar como Cabeça, Mestre, Chefe, sendo o Vigário de Jesus Cristo, de sua Igreja, para a qual foi escolhido.

Foi um grande gesto de humildade e total desapego em continuar nas suas condições frágeis, como primeiro guia e pilo da Barca de Pedro a Igreja. Não foi o primeiro Papa a renunciar ou a deixar a Cátedra de Pedro antes de sua morte natural.

Outros a deixaram espontaneamente, a bem da própria Igreja, ou por perseguições ou assassinatos.

Bento XVI usa de um direito que ele tem. Ao mesmo tempo, oferece livremente o ofício petrino para um outro que tenha melhor condições físicas e psíquicas que ele para interpretar os sinais dos tempos,aqui e agora, e dar-lhes as devidas respostas, sem interromper a Barca de Pedro, a caminhada pós-conciliar da Igreja.

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo emérito de Juiz de Fora, MG. Cursou filosofia e teologia no Seminário Maior São José em Mariana, MG. Governou a arquidiocese de Juiz de Fora entre 2001 e 2009.

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