quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Brasil espera ser 1º país a receber novo papa


Data 12 de fevereiro de 2013 




RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) espera que a primeira viagem internacional do novo pontífice seja ao Rio de Janeiro, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), após ser surpreendida com a notícia de renúncia do papa Bento 16 nesta segunda-feira.Bento 16 estava com presença prevista na JMJ, organizada pela primeira vez em 1985 pelo papa João Paulo 2º O evento deve reunir milhões de católicos do mundo todo, sobretudo jovens, de 23 a 28 de julho no Rio de Janeiro.
“Vamos rezar para ter a presença do novo santo padre na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro”, disse o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, em entrevista à Reuters.
Apesar da perda de milhões de fiéis diante do rápido crescimento dos evangélicos e de outras religiões, o Brasil ainda apresenta um maior número mundial de católicos –mais de 120 milhões, ou cerca de 65 por cento da população, de acordo com números do censo 2010.
Segundo dom Leonardo, os preparativos para a JMJ devem continuar normalmente apesar do anúncio da renúncia de Bento 16, e será “uma honra e uma alegria receber o novo papa em sua primeira visita ao exterior”.
O biólogo Thiago Pereira Gomes, 22, voluntário da JMJ, mostrou otimismo com a vinda do papa ao Brasil.
“Ele (Bento 16) não vindo, virá outro tão santo quanto ele. Acredito que a escolha vai ser bem feita e a gente vai esperar, porque eu, como voluntário da JMJ, estava ansioso pela visita, então espero que venha pelo menos um sucessor dele e possa continuar nos abençoando”, disse Gomes, após missa na Igreja Nossa Senhora de Lourdes, em Vila Isabel, no Rio.
Em entrevista coletiva, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, disse “que os trabalhos da Jornada Mundial da Juventude continuam da mesma forma como estavam sendo preparados”, acrescentando que também espera a visita do novo papa durante o evento.
“Às vezes falando com ele (Bento 16), ele sempre dizia que os papas sempre vêm às jornadas, dizendo inclusive que ele ou o seu sucessor viriam”, disse o arcebispo.
Surpresa
Sobre a renúncia de Bento 16, anunciada na manhã de segunda-feira (11), o secretário-geral da CNBB disse que, apesar de receber a notícia com surpresa, uma recente visita do papa ao túmulo de Celestino 5o, o último papa a renunciar voluntariamente, em 1294, já havia levantado dúvidas sobre sua permanência como líder da Igreja Católica.
“Quando ficamos sabendo da visita, ficamos nos perguntando se havia uma surpresa. Sobre a renúncia em si, acho que o santo padre agiu de maneira consciente. O motivo, de não ter forças, é válido”, disse dom Leonardo.
O papa Bento 16 surpreendeu o mundo ao dizer que irá renunciar como líder da Igreja Católica em 28 de fevereiro por não ter mais as forças necessárias para realizar os deveres de seu ofício, tornando-se o primeiro pontífice desde a Idade Média a tomar decisão deste tipo.
A expectativa é que um novo papa seja escolhido dias antes da Páscoa.
O que esperar do novo papa
O Brasil tem sido nas últimas décadas o lar de algumas das correntes mais liberais dentro da igreja, dos monges e freiras progressistas que apoiaram causas de esquerda na década dos anos 1970 a agentes de campo católicos que lutam contra trabalho escravo e outros abusos de direitos humanos em áreas rurais do país.
Após a pausa nesta segunda-feira para rezar na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, no Rio de Janeiro, a consultora de software Ana Beatriz Couto de Andrade, 35, disse que um novo papa deve aproveitar a oportunidade para colocar a igreja em sintonia com uma sociedade em mudança.
Observando o crescimento de crenças evangélicas e outras, ela disse que “a igreja poderia fazer mais para que as pessoas se sintam bem-vindas”.
“Muitas pessoas querem algo em que acreditar, mas sinto que a igreja não é acessível”, afirmou.
Como muitos católicos brasileiros, o advogado Mércio Franco Maturano, 51, disse que a igreja poderia se beneficiar de um papa nascido fora da Europa. Ele disse que seria errado, porém, colocar a nacionalidade acima das habilidades de liderança e da capacidade de atrair novos fiéis para a igreja.
“Você precisa de alguém carismático”, disse Maturano. “Você só precisa de alguém bom, não alguém que está lá por causa de onde ele veio”, afirmou.
O aposentado Ary David de Almeida, 83, acrescentou: “Não importa se ele é brasileiro, latino-americano, africano ou o que seja. O que conta é o quão boa a pessoa é e se ele é capaz de inspirar a Igreja Católica”.
Mesmo os não-religiosos avaliam que seria importante para o novo papa ajudar a igreja evoluir, especialmente pelo valor simbólico que pode ter para a sociedade em geral. “A igreja ainda tem muito poder e se é capaz de progredir, então outras pessoas podem estar dispostas a seguir”, disse a economista Leila Marques, 26.
Reuters

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